LÍNGUA
E SOCIEDADE NOS TERRITÓRIOS DE FALA CATALÃ NO INÍCIO DO SÉCULO
XXI
L’Alguer,
Andorra, Catalunha, Catalunha Norte, Franja do Poente, Ilhas Baleares
e Comunidade Valenciana
Já
se comentou a complexidade da análise conjunta de todos os territórios
onde o catalão é a língua tradicional, dada por um lado a diversidade
de contextos sociais, políticos e econômicos (tanto atuais como
históricos) e, por outro, os diferentes fatores sociodemográficos
e sociolingüísticos que influíram ao longo do tempo.
Ao
analisar os resultados das pesquisas de usos lingüísticos (EUL
– Enquestes d’Usos Lingüístics) e da pesquisa da Acadèmia Valenciana
de la Llengua
(AVL) apresentamos conclusões em cada capítulo que comentava o
seu conteúdo. Uma obra que abarca diferentes territórios e diferentes
habilidades, usos e representações permite ordenar e tratar os
materiais de várias maneiras, como se pôde comprovar ao longo
do livro. Neste capítulo ordenaremos as informações segundo os
diferentes territórios e segundo cada um dos temas que acabamos
de mencionar. Em primeiro lugar, apresentaremos a situação nas
diferentes áreas.
1. A diversidade entre territórios
Em
relação aos territórios, percebemos desde o começo ―e fomos
corroborando em todos os capítulos― que podíamos estabelecer
três blocos. Por ordem decrescente, temos três áreas onde o conjunto
de aspectos sociolingüísticos obtém as pontuações mais altas:
Andorra, a Catalunha e a Franja do Poente. Em segundo lugar situam-se
as Ilhas Baleares e a Comunidade Valenciana e, finalmente, há
dois territórios onde o processo de substituição pelas línguas
oficiais do estado (italiano e francês) está muito avançado: l’Alguer
e a Catalunha Norte.
Na
tabela 1 mostramos, em grandes linhas, os principais aspectos
que tratamos ao longo do livro, fato que ainda alargará os furos
da nossa peneira dado que a caracterização será muito pouco matizada.
Tabela 1.
Resumo
das habilidades lingüísticas, dos usos e das representações do
catalão. Porcentagens.
|
Habilidades lingüísticas
|
Uso do catalão
|
Representações do catalão
|
Entender
|
Falar
|
Ler
|
Escrever
|
Lar
|
Fora
lar
|
TV
|
Rádio
|
Imprensa
|
Unidade
|
+ Uso
passado
|
+ Uso futuro
|
Andorra
|
96
|
78,9
|
89,7
|
61,1
|
38,1
|
48
|
39
|
55
|
64
|
85,2
|
41,1
|
49,2
|
Catalunha
|
97,4
|
84.7
|
90,5
|
62,3
|
45,3
|
52
|
50
|
56
|
37
|
85,7
|
45,9
|
40,3
|
Franja
|
98,5
|
88,8
|
72,9
|
30,3
|
70,2
|
64
|
33
|
32
|
10
|
84
|
15,8
|
14,6
|
Ilhas
Baleares
|
93,1
|
74,6
|
79,6
|
46,9
|
43,5
|
44
|
28
|
21
|
12
|
78,6
|
37,1
|
34,3
|
C.
Valenciana
|
81,6
|
58,4
|
51,1
|
27,3
|
36,5
|
–
|
–
|
–
|
–
|
–
|
–
|
44,7
|
L’Alguer
|
90,1
|
61,3
|
46,5
|
13,6
|
7,9
|
15
|
0,2
|
0,1
|
0,2
|
77,7
|
77,7
|
24,1
|
Catalunha
Norte
|
65,3
|
37,1
|
31,4
|
31,4
|
0,8
|
6
|
0,4
|
0,4
|
0,1
|
68,5
|
68,5
|
23,9
|
Na
tabela 2 estabelecemos a hierarquia entre territórios.
Tabela 2.
Hierarquia
entre os territórios atendendo às habilidades lingüísticas,
aos
usos e às representações do catalão. Número em ordem hierárquica.
|
Habilidades lingüísticas
|
Uso do catalão
|
Representações do catalão
|
Entender
|
Falar
|
Ler
|
Escrever
|
Lar
|
Fora
lar
|
TV
|
Rádio
|
Imprensa
|
Unidade
|
+ Uso
passado
|
+ Uso futuro
|
Andorra
|
3
|
3
|
2
|
2
|
4
|
3
|
2
|
2
|
1
|
2
|
2
|
1
|
Catalunha
|
2
|
2
|
1
|
1
|
2
|
2
|
1
|
1
|
2
|
1
|
1
|
2
|
Franja
|
1
|
1
|
4
|
4
|
1
|
1
|
3
|
3
|
4
|
3
|
5
|
7
|
Ilhas
Baleares
|
4
|
4
|
3
|
3
|
3
|
4
|
4
|
4
|
3
|
4
|
4
|
4
|
C.
Valenciana
|
6
|
6
|
5
|
5
|
5
|
5
|
–
|
–
|
–
|
–
|
3
|
3
|
L’Alguer
|
5
|
5
|
6
|
6
|
6
|
6
|
7
|
7
|
6
|
6
|
7
|
5
|
Catalunha
Norte
|
7
|
7
|
7
|
7
|
7
|
7
|
6
|
6
|
7
|
7
|
6
|
6
|
Observamos
claramente que a Catalunha se situa sempre à dianteira em todos
os aspectos tratados e apenas alterna entre o primeiro lugar e
o segundo na ordenação de territórios.
Em
segunda posição se situa Andorra, que ocupa majoritariamente esta
colocação, com dois primeiros lugares, três terceiros e um quarto.
A terceira posição vai para a Franja do Poente que toma quatro
primeiros lugares, três terceiros, três quartos, um quinto e um
último; este território, como vemos, tem uma situação um pouco
diferente com respeito aos dois primeiros, porém ainda mais com
respeito às áreas do bloco seguinte.
Ocupam
o quarto lugar as Ilhas Baleares e, de fato, têm esta posição
nas pontuações 8 vezes, no resto situam-se na terceira colocação,
quase sempre a revezando com a Franja. O quinto lugar vai em três
ocasiões para a Comunidade Valenciana, ainda que o fato de ter
sido preciso aproveitar os resultados duma pesquisa diferente
da do resto dos territórios faz com que não tenhamos obtido exatamente
os mesmos dados; embora disponhamos de suficiente informação para
situar majoritariamente esta área na frente da Catalunha Norte
e de l’Alguer, apesar de, por causa das diferenças na formulação
das perguntas, esta cidade ter passado na frente em duas ocasiões.
O
sexto lugar vai muito claramente para l’Alguer porque em seis
ocasiões ocupa esta posição e, ainda, de fato, teríamos de acrescentar
as duas em que se situou na frente da Comunidade Valenciana que
acabamos de comentar. Finalmente, a área onde o catalão obtém
resultados mais baixos é a Catalunha Norte dado que em oito ocasiões
ocupa a sétima posição e nas outras, a sexta.
Para
fechar esta epígrafe faremos umas breves pinceladas sobre a questão
das representações. Observamos que por todos os territórios de
fala catalã, por um lado, se registrou um grau elevado de aceitação
da unidade da língua, que pode se relacionar com a percepção da
extensão da comunidade lingüística. Por outro lado, também pudemos
constatar que nos territórios onde o catalão é reconhecido pelas
instituições se registrou uma percepção da evolução do uso social
da língua mais positiva do que nos territórios onde não recebe
nenhum tipo de reconhecimento institucional. E dá-se o fato de
que os jovens e os catalanófonos são, em geral, os mais pessimistas
com respeito à evolução do uso do catalão, como teremos ocasião
de comentar na seção seguinte na qual nos centraremos nos fatores
que influem nas habilidades, nos usos e nas representações.
2. Fatores que influem nas habilidades, nos usos e nas representações
Nesta
epígrafe levaremos em consideração sumariamente dois tipos de
variáveis diferentes: as sociodemográficas e as que têm mais relação
com a sociologia da linguagem. Em relação às primeiras, a partir
dos resultados obtidos com as análises univariáveis e bivariáveis
que utilizamos, sublinhamos que a que mais influi nos diferentes
aspectos sociolingüísticos que tratamos é o lugar de nascimento.
Há duas variáveis que também incidem aqui, mas de forma diferente
segundo o território e segundo o âmbito, referimo-nos à idade
e ao nível de instrução. Em relação à primeira, observamos regularidades
em todos os territórios: os mais jovens usam menos o catalão no
lar atual e na hora de assistir à televisão e, em relação às representações,
são os que em maior proporção consideram que o catalão é empregado
menos hoje que no passado recente e no futuro se usará menos que
na atualidade.
Tabela 3.
Influência
da idade nas habilidades, nos usos e nas representações do catalão
|
Habilidades
|
Usos
|
Representações
|
Falar
|
Lar
|
Fora
lar
|
TV
|
Rádio
|
Imprensa
|
Unidade
|
+ Uso
passado
|
+ Uso futuro
|
Andorra
|
–
idade
+
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
+
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
=
|
–
idade
+
catalão
|
+
idade
+unidade
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
Catalunha
|
–
idade
+
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
+
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
+
catalão
|
=
|
+
idade
–
unidade
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
Franja
|
=
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
=
|
=
|
+
idade
–
unidade
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
Ilhas
Baleares
|
–
idade
+
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
=
|
=
|
+
idade
–
unidade
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
C.
Valenciana
|
–
idade
+
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
=
|
=
|
____
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
L’Alguer
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
juventude:
muito
pouco uso
|
–
idade
–
catalão
|
=
|
=
|
–
idade
–
unidade
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
Catalunha
Norte
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
juventude:
muito
pouco uso
|
–
idade
–
catalão
|
=
|
=
|
–
idade
–
unidade
|
–
idade
–
catalão
|
–
idade
–
catalão
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Na Catalunha Norte e em l’Alguer os mais jovens
sempre têm os valores inferiores em todos os aspectos que tratamos.
Também encontramos outras regularidades nas circunscrições situadas
nos cinco primeiros lugares da ordenação: os jovens têm mais capacidade
de falar em catalão, porém o empregam menos no lar e ao assistir
à televisão. Em relação às representações, em primeiro lugar, os
jovens consideram que o catalão foi usado mais no passado; em segundo
lugar, que será usado menos no futuro. Andorra e a Catalunha diferem
do resto no fato de os jovens empregarem mais o catalão fora do
lar.
A
terceira variável sociodemográfica que mencionamos, e que já tratamos
de forma geral no capítulo primeiro e forma específica nos diferentes
capítulos do livro, é o grau de instrução, que tem uma relação
diretamente proporcional com o consumo de meios de comunicação
em catalão: quanto mais formação, mais consumo de meios em
catalão. Apenas há duas exceções: a primeira
em Andorra com respeito à imprensa, porque são aqueles que têm
um nível de instrução mais baixo os que lêem mais em catalão;
e a segunda nas Ilhas Baleares, onde o consumo de rádio em catalão
é maior entre as pessoas sem estudos. Também há outra regularidade,
com apenas uma exceção (a Catalunha Norte), em relação às representações:
quanto mais estudos, mais se concorda com a unidade do catalão
em todo o seu âmbito. Nos usos do catalão no lar e fora do lar
a norma é decrescerem com um nível formativo mais elevado, sendo
exceção a esta regra Andorra e a Catalunha.
3. As normas de uso das línguas
Apresentaremos de forma
também muito resumida as conclusões a que se chega no capítulo
sexto com respeito à organização das interações lingüísticas na
nossa comunidade:
1.
Nas comunicações intergrupais, as pessoas que consideram que a
sua língua é o catalão usam quase exclusivamente esta língua.
É assim por todo o território exceto em l’Alguer, onde parece
que o italiano penetrou nas relações entre membros do grupo que
responde que a sua língua é o catalão.
2.
Por todo o território, as comunicações das pessoas que consideram
que a sua língua é o catalão com membros do outro grupo lingüístico
continuam se resolvendo majoritariamente na língua destes últimos.
3.
Parece que, ao menos em Andorra e na Catalunha, entre os mais
jovens está se produzindo a permeabilização da fronteira intergrupal
em todos os sentidos, na medida em que os mais jovens dos grupos
lingüísticos são os que em maior proporção manifestam se adaptarem
à língua do seu interlocutor.
4.
Há um número elevado de pessoas que manifestam que, apesar de
ter encetado uma interação na outra língua, se adaptam ao catalão
quando o interlocutor lhes responde em catalão. Fato que permite supor que poderiam se
produzir mais conversas em catalão se houvesse mais gente que
mantivesse o uso do catalão ante uma interpelação noutra língua.
7. As perspectivas de evolução
Segundo os condicionamentos
que analisamos nos parágrafos anteriores podemos tentar esboçar,
com um traço muito frouxo, as perspectivas de evoluções futuras
nos diferentes territórios formulando a hipótese de que não haverá
mudanças substanciais na configuração sociodemográfica que analisamos.
Ao longo do livro pôde-se ler que a interposição das línguas outras
que o catalão dos diferentes territórios tomou valores importantes
por causa das evoluções dos contextos sociais, políticos e econômicos
e dos fatores sociodemográficos, sociolingüísticos e das normas
de uso que influíram ao longo do tempo. Assim, na atualidade há
dois processos de substituição lingüística avançados: a Catalunha
Norte e l’Alguer, onde podemos dizer que se chegou ao estágio
chamado intrusão, no
qual a língua majoritária penetra no interior dos usos mais próximos,
tais como a transmissão entre gerações e nas comunicações entre
as pessoas que consideram que a sua língua é o catalão, como pudemos
comprovar acontecer na cidade de l’Alguer. Além disso, nos dois
territórios a idade é um fator negativo para o uso do catalão
porque tanto nas habilidades, como nos usos, como nas representações,
os níveis de catalão baixam correlativamente com a idade.
Noutros
territórios o processo não está tão avançado porque não se dá
a intrusão. Em relação à influência da idade,
a Comunidade Valenciana e as Ilhas Baleares têm as mesmas variações
e diferem do último bloco, que acabamos de comentar no parágrafo
anterior, porque a habilidade de falar em catalão aumenta nos
mais jovens. Por outro lado, na Franja, apesar de compartilhar
as mesmas tendências em relação à idade que os quatro territórios
que acabamos de mencionar, não se produz este incremento porque
é preciso lembrarmos que tinha os valores mais elevados de todo
o domínio lingüístico. Assim, além da hierarquia que estabelecemos
entre os territórios, os fatores que analisamos (a idade e o grau
de instrução) também têm uma influência negativa ou positiva conforme
se a área ocupa um lugar dianteiro ou não. Portanto, os fatores
que fomentam o uso do catalão nas duas circunscrições que encabeçam
a classificação não costumam ser beneficiadores para o incremento
do uso da língua tradicional no resto dos territórios.
O
fator do nível formativo tem os mesmos efeitos no consumo dos
meios de comunicação em catalão em todas as circunscrições: incrementa-se
com a formação. Porém apenas na Catalunha e em Andorra aumentam
também com o grau de instrução os usos do catalão tanto dentro
como fora do lar. Assim, pois, voltamos a comprovar o que acabamos
de comentar: um mesmo fator tem uns efeitos diferentes segundo
as circunscrições. Prevê-se que o nível formativo aumentará no
futuro e que o papel da juventude será decisivo, portanto, a variação
dos efeitos nos diferentes territórios é muito evidente, a não
ser que haja mudanças imprevistas ou políticas capazes de inverter
estas influências, especialmente nos quatro territórios com uns
níveis mais baixos nas habilidades, nos usos, nas representações
e com umas normas de uso mais restritivas para o catalão.
Os
dados mais úteis para poder apontar a evolução futura do catalão
serão justamente as que já nos mostram que caminho tomou desde
um passado recente até a atualidade. Assim, em primeiro lugar,
o Índice de Transmissão Intergeneracional do Catalão (ITIC) indica
as diferenças de intensidade no avanço ou no retrocesso da passagem
do catalão de pais a filhos. Em segundo lugar, a variação entre
a língua inicial falada pelo entrevistado e a que responde ser
a sua língua é outro indicador da capacidade de atração das línguas.
Tabela 5.
O
poder de atração das línguas: o Índice de Transmissão Intergeneracional
do Catalão (ITIC) e a variação a considerar o catalão como “sua
língua” partindo duma língua inicial diferente.
|
ITIC
|
L. inicial-catalão “sua língua”
|
Andorra
|
0,17
|
10,8
|
Catalunha
|
0,11
|
8,2
|
Franja
|
0,02
|
-4,5
|
Ilhas
Baleares
|
0,07
|
2,5
|
Comunidade
Valenciana
|
0,02
|
–
|
L’Alguer
|
-0,16
|
-7,9
|
Catalunha
Norte
|
-0,06
|
-4,7
|
L’ITIC
mostra-nos que, na última geração, onde mais aumentou a transmissão
do catalão foi, em ordem descendente, em Andorra, na Catalunha,
nas Ilhas Baleares, com uma leve subida na Comunidade Valenciana,
e, sem avanço, na Franja; enquanto que em l’Alguer e na Catalunha
Norte diminuiu. A seu turno, a variação a considerar como a sua
língua uma língua diferente da inicial é favorável em Andorra,
na Catalunha e nas Ilhas Baleares, enquanto que na Franja, na
Catalunha Norte e em l’Alguer é desfavorável para a língua tradicional
destes territórios.
Se
tentamos prever como continuará a evolução das habilidades, dos
usos, das representações e das normas de uso do catalão na próxima
geração, podemos afirmar que um incremento nos imputs
recebidos em catalão nas interações pessoais fomentaria rapidamente
o uso desta língua dado que tanto a permeabilização de fronteiras
entre os jovens como a adaptação quando se responde em catalão
numa conversa iniciada noutra língua, fariam aumentar facilmente
o uso do catalão. Neste sentido, pudemos comprovar que quando
a oferta de catalão num âmbito é elevada, também se incrementa
nele o uso da língua, como por exemplo nos caixas bancários e
no médico de família na Catalunha e em
Andorra. Portanto, o aumento da oferta nos diferentes
âmbitos e nas conversas será fundamental para a evolução de todos
os aspectos sociolingüísticos que tratamos. Não é preciso dizer
que as políticas lingüísticas poderiam ter um papel decisivo nestas
mudanças; como também não cabe insistir no fato de que, justamente,
os dois territórios dianteiros na classificação são os que têm
quotas mais altas de autogoverno e uma política mais decidida a favor do catalão
que o resto das circunscrições. Estes dois territórios dianteiros
têm perspectivas de futuro bem distintas dado que, como vimos,
os diferentes fatores que analisamos favorecem o uso do catalão.
No
fim das contas, a riqueza do questionário EUL permitiu-nos uma
análise aprofundada das teias sociolingüísticas e extrair algumas
lições metodológicas, tal como voltar a comprovar por todo o domínio
lingüístico os matizes que aportam as perguntas escalares. Consideramos
que é necessária uma análise multifatorial para poder averiguar
em profundidade como se combinam as diferentes variáveis que fomos
comentando nos resultados das análises bivariáveis, mas terá de
ser um novo projeto dada a complexidade de tudo o que já mostramos,
que servirá como fundamento desta segunda etapa.
(Fonte:
QUEROL, Ernest (org.). Llengua i societat als territoris de parla
catalana a l’inici del segle XXI. Barcelona: Secretaria de
Política Lingüística de la
Generalitat de Catalunya, 2007, p. 183-190.)